Pachamama

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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A Arte Liberta

Nos últimos dias no âmbito das atividades da Semana Acadêmica do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista IPA o Projeto Direitos Humanos na Prisão realizou a Exposição “A Arte Liberta”. Durante alguns dias foi possível conhecer e apreciar pinturas e esculturas frutos da criação artística dos artistas do Presídio Central, ou seja apenados do regime fechado. 
A experiência nos marcou com a potência que se encerra no fazer artístico e se expande nas percepções que ficam presentes e nas lembranças ainda recentes. Primeiro, o espanto de alguns, impressionados com o fato de que presos podem produzir aquilo que “eu e tu” chamamos arte na definição do professor e artista Lucas Strey Segundo, a alegria de outros tantos que viram ali a afirmação da vida e sua luta contra a morte em suas diversas formas. 
Cerca de duzentas e cinquenta pessoas circularam pela exposição, obras foram adquiridas, reflexões foram possíveis e deslocamentos praticados num fazer permanente em que nos debruçamos nestes dias. Convocamos alunos, professores, familiares, coordenadores e funcionários, preenchendo nosso fazer acadêmico de novos saberes.
O olhar que olha com cuidado “aquilo que o preso fez”, ou seja, sua obra, contempla a arte se indaga, se modifica, resignificando sua própria percepção. Ao olhar e olhar de novo – re spectare - incorpora o sentido da palavra respeito. 
Aos novos olhares que recém chegavam e perguntavam sobre o que era afinal o Projeto Direitos Humanos na Prisão e por que a Exposição A Arte Liberta, respondia sempre que exercitamos na teoria e na prática tudo que posso caber, como num abraço, dentro da expressão “Direitos Humanos na Prisão” . Agora que escrevo percebo repentinamente que é justamente este o abraço que realizam as figuras da pintura “A Dança” de Matisse, nosso símbolo a muitos anos. 
Mas confesso que sempre foi (e será) esta nossa pretensão fundamental: abraçar a teoria com a prática, a arte com a ciência na promoção da totalidade da experiência humana contida no significado dos Direitos Humanos. Nesta dança razão e emoção estão juntas esta última nos conduzindo em seu significado latino: emovere, provocar movimentos significativos. Mas também aqui a arte nos liberta para perceber que não nos movemos sós, mas como nas figuras de Matisse nos movemos juntos. Simplesmente nos comovemos.

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